segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Nostalgia da Porra

Não sou mais um comunista.  Não sou mais um escritor? (Nunca fui). Não sou mais um filósofo de boteco. Não consigo escrever mais textos irônicos, com pontas de sarcasmo. Não escrevo mais ideia com acento agudo no e. Agora acho passeatas bobinhas. Não faço mais poesia. Não idealizo mais as mulheres (a menina de óculos,  rabo de cavalo e macacão sujo de tinta dos meus sonhos foi embora. Ou nunca esteve aqui). O mundo me engoliu? Desisti de tentar mudar o mundo? Será que eu cresci?  Não consigo mais escrever mais de um parágarafo. Nem fazer aquelas piadinhas legais entre parênteses. Será que quando eu ver uma senhora caindo na rua, vou achar graça? Ou quando um pedinte se aproximar, vou virar a cara e atravaessar a rua? Votarei no PSDB?

Não sei, só sei que enquanto tiver meus textos do Atestado Pedante e do Champignon, ainda assinarei como Fabiano Che, não que isso faça alguma diferença para alguém além de mim.

P.S.: Parece que esse mal afetou também o SiSente, planetAbandonado e o [D]Esse jeito meu, meus blogs favoritos. Que pena.
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(Por ora)Fabiano Che

sábado, 15 de janeiro de 2011

O homem das mil faces

Havia um homem que não gostava muito de sua cara. Decidiu usar um outro rosto, com uma expressão mais jovem. Gostou do resultado. Achou que no trabalho, os outros pareciam olhar estranho pra ele. Então, resolveu por uma outra cara, algo sério, responsável. Problema resolvido, pararam de achá-lo estranho. Até gostaram dele e lhe contaram piadas a tarde toda, foi um grande dia no trabalho. Mas ainda não era o suficente. 

Quando estava na feira, teve a impressão de que falavam mal dele. Daí, pôs-se a montar uma nova cara pra si. Quallquer coisa entre o jovial e o responsável. Uma só não, duas, três, sete, dezenove, um milhão. Uma cara romântica e bucólica para o entardecer no outono,outra mais profunda e espiritual para ir a igreja, descontraída e brincalhona pro happy-hour e assim por diante. Tudo estava perfeito até que (sempre o "até que" ou o "mas") ele conheceu a garota com a cara mais lind... cara não, (face ou rosto, o que você achar melhor) que ele já tinha visto, e olhe que ele já tinha visto muitas caras e faces e rostos. E então, nenhuma de suas caras parecia ser boa o suficiente, nem a jovial, ou a responsável, muito menos a espiritual. 

E a garota da cara ou face ou rosto mais lindo de todos se aproximava do nosso protagonista. E vocês podem imaginar o desespero dele, com aquele monte de rostos e sem saber qual usar. E uma coisa bem estranha ocorreu: conforme ela se aproximava, as caras do rapaz iam caindo (por que estavam umas sobre as outras caso não tenha ficado claro). E por fim sobrou aquela da expressão jovial que, cá pra nós, o fazia parecer um bonachão. E quando a última máscara caiu (afinal, não passavam de máscaras), a moça do rosto lindo gritou horrorizada! O rapaz das mil caras ofendeu-se, pois não era tão feio assim. Só então percebeu, onde antes estava seu rosto não havia mais nada, apenas um espaço vazio. Como aquilo tinha acontecido? Será que saiu junto com alguma daquelas máscaras? Ou de tanto tentar esconder a si mesmo, acabou destruindo aquilo que fazia dele ele mesmo? Não me pergunte, sou só o cara que digita as histórias.

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Fabiano Che