segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Maldita

Maldita a hora em que retribuiu o meu sorriso.

Maldita seja, por ter notado minha presença.

Por que paraste de me ignorar?

Por que diabos foi sorrir e me perguntar como eu estava?

No momento em que me olhava e não me via, me via e não me queria, era quando eu mais te amava.

Justamente por não poder te ter, você era toda minha.

Por que foi destruir nosso amor, me amando de volta?

 E quando você veio chorando, perguntar por que te abandonei, gritando que não te amava mais, não tive escolha.

Fiz o que fiz por amor. Te matei e a enterrei no quintal. Todo dia vou ao seu túmulo e penso:
— Maldita a hora em que retribuiu meu sorriso!

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Nostalgia da Porra

Não sou mais um comunista.  Não sou mais um escritor? (Nunca fui). Não sou mais um filósofo de boteco. Não consigo escrever mais textos irônicos, com pontas de sarcasmo. Não escrevo mais ideia com acento agudo no e. Agora acho passeatas bobinhas. Não faço mais poesia. Não idealizo mais as mulheres (a menina de óculos,  rabo de cavalo e macacão sujo de tinta dos meus sonhos foi embora. Ou nunca esteve aqui). O mundo me engoliu? Desisti de tentar mudar o mundo? Será que eu cresci?  Não consigo mais escrever mais de um parágarafo. Nem fazer aquelas piadinhas legais entre parênteses. Será que quando eu ver uma senhora caindo na rua, vou achar graça? Ou quando um pedinte se aproximar, vou virar a cara e atravaessar a rua? Votarei no PSDB?

Não sei, só sei que enquanto tiver meus textos do Atestado Pedante e do Champignon, ainda assinarei como Fabiano Che, não que isso faça alguma diferença para alguém além de mim.

P.S.: Parece que esse mal afetou também o SiSente, planetAbandonado e o [D]Esse jeito meu, meus blogs favoritos. Que pena.
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(Por ora)Fabiano Che

sábado, 15 de janeiro de 2011

O homem das mil faces

Havia um homem que não gostava muito de sua cara. Decidiu usar um outro rosto, com uma expressão mais jovem. Gostou do resultado. Achou que no trabalho, os outros pareciam olhar estranho pra ele. Então, resolveu por uma outra cara, algo sério, responsável. Problema resolvido, pararam de achá-lo estranho. Até gostaram dele e lhe contaram piadas a tarde toda, foi um grande dia no trabalho. Mas ainda não era o suficente. 

Quando estava na feira, teve a impressão de que falavam mal dele. Daí, pôs-se a montar uma nova cara pra si. Quallquer coisa entre o jovial e o responsável. Uma só não, duas, três, sete, dezenove, um milhão. Uma cara romântica e bucólica para o entardecer no outono,outra mais profunda e espiritual para ir a igreja, descontraída e brincalhona pro happy-hour e assim por diante. Tudo estava perfeito até que (sempre o "até que" ou o "mas") ele conheceu a garota com a cara mais lind... cara não, (face ou rosto, o que você achar melhor) que ele já tinha visto, e olhe que ele já tinha visto muitas caras e faces e rostos. E então, nenhuma de suas caras parecia ser boa o suficiente, nem a jovial, ou a responsável, muito menos a espiritual. 

E a garota da cara ou face ou rosto mais lindo de todos se aproximava do nosso protagonista. E vocês podem imaginar o desespero dele, com aquele monte de rostos e sem saber qual usar. E uma coisa bem estranha ocorreu: conforme ela se aproximava, as caras do rapaz iam caindo (por que estavam umas sobre as outras caso não tenha ficado claro). E por fim sobrou aquela da expressão jovial que, cá pra nós, o fazia parecer um bonachão. E quando a última máscara caiu (afinal, não passavam de máscaras), a moça do rosto lindo gritou horrorizada! O rapaz das mil caras ofendeu-se, pois não era tão feio assim. Só então percebeu, onde antes estava seu rosto não havia mais nada, apenas um espaço vazio. Como aquilo tinha acontecido? Será que saiu junto com alguma daquelas máscaras? Ou de tanto tentar esconder a si mesmo, acabou destruindo aquilo que fazia dele ele mesmo? Não me pergunte, sou só o cara que digita as histórias.

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Fabiano Che

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Você não é especial

Tom era apenas mais uma pessoa na multidão. Dessas que podem passar várias vezes por você, mas que agente nunca repara. Ele é um bom funcionário, mas nada de mais. Joga bola no fim de semana, mas não se destaca. Tudo em sua vida é regular.

Tom estava bem com isso, até que um dia, resolve entrar em uma livraria e comprar um livro (estranho se ele saísse com uma bicicleta), Você é especial, por Fanny Champignon. O livro através de uma narração espetacular mostra que cada um não é só mais um e essas coisas que só livros de auto ajuda dizem.

Tom, maravilhado com o livro, se esforça pra ser notado. Mas ssua vontade de ser notado só perde pra sua habilidade de não ser notado. Desolado, Tom sai desconsolado pela rua, tenta gritar: Hey, olhem pra mim, me notem!, mas só balbucia palaras sem sentido. E, tomado de desespero, resolve tomar uma atitude drástica. No topo de um edifício, decide pôr fim a sua existência despercebida por todos.

Ao olhar de cima para aquelas pessoinhas, Tom pensa:" Idiotas, não percebem que vocês são seres humanos únicos dotados de qualidades e defeitos e que não tem ninguém igual  em todo o mundo? Que são a máquina mais complexa já inventada? A mágica do universo materializada? " Só então, Tom percebeu: ninguém se dava conta disso. Também percebeu que  não era tão especial. Pois todos os outros eram, de certa forma, iguais a ele.

Ao se dar conta de que não se é especial, torna-se especial....



P.S.: Depois de milanos sem escrever, até que não ficou tão ruim...

domingo, 20 de junho de 2010

Ideal

A perfeição morava na moça da varanda
E, aquele pobre admirador  não se cansava de observa-la
Ela, não se sabe se por displicência ou por pura maldade, não dava conta da existência do pobre rapaz
E ele, a admirá-la...
Ele, só via sua silhueta lá no longe, mas já era uma alegria pros seus olhos atentos
E ela, a ignorá-lo...
Então, em uma manhã de setembro, ele, criando coragem, bateu na porta da moça e se declarou
E ela, sorrindo, disse que namoraria com ele
E namoraram...
E a perfeição, aos poucos, foi abandonando a moça da varanda
Então, aconteceu...
Ele partiu
Mas não foi pra longe
E todos os dias, escondido, observava a moça da varanda
E ela, a esperá-lo
E ele, a admirá-la...

sábado, 3 de abril de 2010

Motivo

Nós nascemos por puro prazer?
[De alguém?
Não nascemos pra ser
Advogados
Engenheiros
Professores
Cristãos [principalmente
Na realidade, nem nascemos pra ser
Nascemos pra estar!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Quase

Em um pequeno subúrbio de uma pequena cidade, vivia Amelie. Que cidade era essa não importa pra nossa história. Amelie devia ter por volta de uns quinze anos. Era assistente de cabeleireiro de um pequeno salão, aliás, Amelie não sabia por que era chamada de assistente, pois cortava, lavava e penteava cabelos mais que sua chefe.

Amelie morava com seu pai em uma pequena casa. Sua mãe os abandonou quando Amelie era um pequeno bebê. Seu pai era frio e distante. A vontade que Amelie tinha de abraçá-lo só era menor que o medo de ser rejeitada por ele.

Amelie morria de amores pelo assistente do jornaleiro, que também trabalhava mais que o jornaleiro chefe. A pequena banca de jornal ficava a alguns quarteirões do salão que Amelie trabalhava, assim ela sempre parava na banca para “olhar revistas”.

 Ela acreditava que o menino do jornal, ela o chamava assim, também sentia algo por ela. Um dia, enquanto saía do trabalho, Amelie viu, pelo canto do olho, o menino olhando bobamente pra ela. Aquele foi o dia mais feliz da vida de Amelie.

Na verdade, Amelie não era nem um pouco feliz. Queria receber um salário um pouco maior, poder dizer que ama seu pai, criar um cachorro, mudar seu penteado e namorar o menino do jornal. Mas tinha algo que a impedia: o medo. Medo de ser despedida, medo de ser rejeitada, medo de ser ridicularizada, o bom e velho medo.

Só que, às vezes, a vida nos obriga a tomar uma decisão: ou enfrentamos nossos temores ou teremos uma vida inteira pra nos arrepender. Enquanto observava de longe a banca de jornal esbarrou logo no menino do jornal. Ele estava branco feito papel. Começou a sussurrar algo incompreensível, e então tomando coragem, perguntou se Amelie queria ser sua namorada. Uma palavra, um piscar de olhos, um movimento de cabeça fariam de Amelie a pessoa mais feliz do mundo. Mas o medo foi mais forte.

Amelie girou nos calcanhares e correu, correu e chorou como nunca tinha chorado ou corrido em toda sua vida. E esse é o fim de nossa história. Pois afinal na vida, tudo se resume ao que poderia ter sido. Será? Não sei se você sabia, mas as histórias continuam mesmo depois que se acaba de contá-las.

Talvez, depois do fim da história, Amelie decidiu voltar e dizer o que sentia para o menino. Talvez tenha adotado um cachorro e dado o nome Scoopy. Talvez tenha abraçado seu pai e dito que estava tudo bem. Talvez nem tudo tenha dado certo (será que a dona do salão daria mesmo o aumento?). Talvez o namorado de Amelie tenha adorado seu cabelo Chanel. Quem sabe?